

Monólogo:
Quando criança, eu estava cercada por moda. Minha mãe era uma estilista talentosa com sua própria marca estilosa e elegante. Eu me inspirei e criei uma também em São Paulo, Brasil. Eu tinha 19 anos. Eram os anos 90. A marca era popular — jovem, unissex e reciclada; pensando bem, que legal...
Aos 20 e poucos anos, mudei-me para Paris e estudei moda numa escolinha nada convencional (Studio Berçot), onde aprendi o melhor da arte e de tudo o mais que o mundo criativo podia oferecer. Paris — abriu minha mente.
Me sinto sortuda por ter vivido em três cidades tão diferentes: São Paulo, Paris e Nova York; cada uma delas me proporcionou algo único, embora meu coração pertença a Paris: esta cidade incrível em todos os sentidos, tão comprometida em perpetuar todo o seu "je ne sais quoi", nunca deixou de me seduzir com seu charme e cultura únicos ou com seus muitos, muitos, muitos interesses. Morei em Paris porque fui aceita para ingressar na moderna escola de moda Studio Berçot durante um seminário de design de moda em São Paulo, conduzido pela diretora da escola e gênio da moda, Marie Rucki.
Foi aí que começou meu amor por joias antigas. Naqueles "tempos de moda", por volta de 1998, lembro-me de caminhar pela Rue Saint Honorée e encontrar duas joalherias incríveis. Uma delas era um antiquário com joias penduradas em inúmeras vitrines de vidro até o teto, em diversos cômodos minúsculos — como uma chocolatier com peças incríveis que datam do século XVII à virada do século XX —, para mim, aquele lugar era simplesmente... pura euforia!
Do outro lado da rua, havia outra loja, de propriedade de uma francesa de gosto impecável, que expunha o melhor do século atual, alguns de seus próprios designs e apenas de sua amiga, Victoire de Castellane.
Meu sangue continuou queimando na Itália, quando, em Milão, minha mãe e eu visitávamos uma joalheria de antiguidades perto do Grand Hotel et de Milan, na Via Montenapoleone. Provavelmente ainda está lá, tirando o fôlego de algum amante de antiguidades, como eu!
Assim, enquanto trabalhava na moda, com a moda, para a moda (para a marca da minha família), eu vagava pelas ruas de Paris e Milão, duas vezes por ano, durante 12 anos, em busca de inspiração e ficando fascinada, dominada pela criatividade do velho mundo.
Embora eu nunca tivesse estudado design de joias na vida, aprendi com a minha visionária e diretora da escola de moda parisiense que a "coisa" mais importante que alguém pode ter é "o olhar", a capacidade de identificar o bom gosto, arquivá-lo na memória visual e criar algo que seja percebido como original e novo. Com um "olhar treinado", "é possível criar uma coleção de qualquer coisa da noite para o dia, de lingerie a móveis" — essas foram as palavras dela, e elas ficaram comigo para sempre.
Em 2006, criei coragem para trocar a moda pelas joias, para começar meu próprio negócio, adornando mulheres por toda a vida, eu acreditava, porque a moda é passageira, sempre mudando, mas as joias são eternas — “aere perennius”!
Eu estava profundamente entusiasmada com o meu processo criativo. Escolhi pedras preciosas maravilhosas que me tocavam, vindas diretamente de mineradores brasileiros. Essas pedras inspiraram meus designs futuros e, mais tarde, tive uma coleção de anéis: ousados, coloridos, excêntricos, únicos e feitos à mão por Apóstolos Apóstolopoulos, um fantástico ourives grego que me ajudou a construir a identidade da minha marca, literalmente do zero — um gênio!
Um ano depois, eu estava me mudando para Nova York e formando minha família, construindo lentamente meu negócio em uma nova cidade. Desde então, tenho expressado minhas emoções e experiências por meio das joias. Agora, convido você a explorar minhas coleções e se entregar à alegria e ao prazer dessas criações, se isso lhe fizer sentido.